Carlos Drummond de Andrade nasceu Itabira (Minas Gerais) em 1902. É o mais importante poeta do nosso Modernismo, tanto pela depuração lingüística que logrou atingir, tornando-se verdadeiramente clássico, como pela originalidade e profundidade em seus versos. Sua obra revela um lento processo de investigação da realidade humana, desde a poesia acentuadamente social e política até uma posição antilírica, seca, consciente das angústias e dos desenganos da vida. A partir daí, como se pode perceber, sua poesia atinge dimensões universais, interessando-se pela condição humana e sua problemática. O seu humor desencantado e sua ironia, desnudam a fragilidade da comunicação humana, revelando um pessimismo que coloca o Homem frente a frente com o vazio e o nada (ver, por exemplo, os poemas O Enterrado Vivo, Remissão, O Retrato Malsim, e outros).
Toda essa problemática é acompanhada pela reflexão metalingüística a respeito da construção poética e que chega a levar o autor a certas pesquisas técnicas (por exemplo em: Isso é Aquilo, Nudez, Oficina Irritada, além de outros).
Além de poeta consagrado, Carlos Drummond de Andrade destaca-se como cronista, contista e ensaísta, em que se sobressai também a precisão de sua linguagem. Desse modo, apenas didaticamente se justifica a inclusão de seu nome entre os poetas da segunda fase, pois sua poesia continua a atuar decisivamente em nossa literatura até hoje.
Suas obras principais são: a) poesia - Alguma Poesia (1930); Brejo das Almas (1934); Sentimento do Mundo (1940); A Rosa do Povo (1945); Claro Enigma (1951); Fazendeiro do Ar e Poesia até agora (1955); Lição de Coisas (1962); José & Outros (1967) Boitempo & A Falta Que Ama (1968); Menino Antigo (1973); As Impurezas do Branco (1973). b) contos - Contos de Aprendiz (1951).
(Extraído de Estudos da Literatura Brasileira - Douglas Tufano)
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uma obra prima do gênio:
A Verdade (Carlos Drummond de Andrade)
A porta da verdade estava aberta,Mas só deixava passarMeia pessoa de cada vez.Assim não era possível atingir toda a verdade,Porque a meia pessoa que entravaSó trazia o perfil de meia verdade,E a sua segunda metadeVoltava igualmente com meios perfisE os meios perfis não coincidiam verdade...Arrebentaram a porta.Derrubaram a porta,Chegaram ao lugar luminosoOnde a verdade esplendia seus fogos.Era dividida em metadesDiferentes uma da outra.Chegou-se a discutir quala metade mais bela.Nenhuma das duas era totalmente belaE carecia optar.Cada um optou conformeSeu capricho,sua ilusão, sua miopia.
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